AUTOBIO (parte I)

MEU NASCIMENTO ACONTECEU
HÁ QUARENTA E UM ANOS ATRÁS.
E A CADA DIA QUE PASSA
APRENDO UM POUCO MAIS.


VINTE E OITO DE OUTUBRO
DE MIL NOVECENTOS E SETENTA E UM.
ESTA É A DATA PRECISA
DO NASCIMENTO DESTE UM.


DO MEU TEMPO DE CRIANÇA
MUITAS COISAS BOAS GUARDEI.
AMIZADES SINCERAS, AMORES
QUE PRA ALGUMAS JUREI.


NA MINHA ADOLESCÊNCIA
FUI ABATIDO POR UMA TIMIDEZ.
NÃO ENCARAVA AS MOÇAS
AGORA TUDO SE PERDE DE VEZ.


ERA O PENSAMENTO
QUE DA CABEÇA NÃO SAÍA
NÃO IMPORTAVA QUANTO TEMPO
PASSAVA, PENSAVA TODO DIA.

AMEI UMA MENINA
MESMO SEM ELA SABER.
NA VERDADE AINDA A AMO,
PENA, FALAR NÃO PODER.


FOI AMOR AVASSALADOR
DAQUELES DE PERDER A VIDA.
CHORO ATÉ OS DIS DE HOJE
POR NÃO TÊ-LA CHAMADO QUERIDA.


MUDEI DA MINHA CIDADE
E NO CAMPO FUI MORAR.
LÁ VI QUANTO CUSTAVA
NÃO QUERER ESTUDAR.


O TRABALHO NO SOL-A-SOL
ERA ÁRDUO PRA VALER,
DAVA MIL GRAÇAS A DEUS
QUANDO VINHA O ENTARDECER.


NÃO ERA PREGUIÇA
NÃO PENSEM VOCÊS AGORA.
ERA SIMPLES VONTADE
DE BRINCAR ATÉ O ROMPER DA AURORA.


A NOITE ÍAMOS ATÉ A VILA
EU E MINHA TRÊS IRMÃS
BRINCÁVAMOS TANTO QUE
ÀS VEZES SÓ VOLTAVA DE MANHÃ.


É ISSO MESMO MEU AMIGO
PASSÁVAMOS A NOITE INTEIRINHA
BRINCANDO DE “CAI NO POÇO”,
“PASSA-ANEL” E “BALANÇA A PENINHA”.